No dia 25 do corrente mês de Agosto nova tragédia ocorre no mar de ‘Peniche a cerca de milha e meia dó Cabo Carvoeiro. Um denso nevoeiro panava sobre o mar. O barco de passageiros «Cabo Avelar Pessoa» fazia a sua última viagem daquele dia navegando da Berlenga para Peniche com a lotação mais ou menos preenchida, ou seja, à volta de cento e cinquenta pessoas. Em sentido contrário iam passando várias traineiras para e faina da pesca. Depois de ter passado por três destas embarcações surge em determinada altura uma quarta — a traineira Relíquia» — com
a qual o lamentável desastre se deu. Navegando quase completa mente de frente, um contra o outra, naturalmente que devido ao nevcero, os dois barcos só se avistatam quando era já bastante
reduzida a distância que os separava, Imediatamente em rápida manobra ambos meteram marcha-à-ré o que infelizmente já não foi a tempo de evitar o embate.
Quando muito evitou qua as consequências tivessem sido de bem piores proporções pais o choque a ter-se verificado à velocidade (continua na pág. 5)
ambulâncias dos bombeiros de Peniche reforçadas ainda com mais duas dos bombeiros de Óbidos, três dos da Lourinhã e uma das de Caldas da Rainha. Entre os sinistrados sobre os quais a tragédia se abateu mais duramente, encontravam-se dais casais do concelho de Póvea de Lenhoso que andavam em viagem de núpcias pois um tinha casado no dia 19 e outro no dia 20 do corrente mês estando ligados, entre Si por laços familiares. Do primeiro, morreram marido e mulher, ele de nome Mário Rodrigues Ma:craira, e ela Maria Barbosa Araújo e de segundo morreu a esposa, Dionisia Rodrigues Macreira tendo o marido, José António Gomes da Silva ficado sam uma das mãos e com uma das pernas de tal maneira esfacelada que se admite ter de vir a ser amputada.
O outro passageiro que teve morte instantânea foi unia jovem de 17 anos, de nome Maria da Graça HLnnbelino Rodrigues resi dente em Carcavelos e que se encontrava a passar férias na vizi
nha praa cta. Areia Branca. A hora em que elaboramos esta notícia (e a sua inclusão neste número só foi possível por atraso na impressão do jornal) consta-nos que do’s quatro feridos graves que foi necessário conduzir para Lisboa já teriam falecido dois pelo que neste momento seria de seis o total ria mortes. A fonte oficial que então, prontamente, indagámos não dispunha ainda de
elementos que lhe permitissem confirniar tal facto. Como sinistradas natumis de Peniche há apenas a registar uma pessoa cujo noma figurou entre os 14 considerados com ferimentos
origina (de imediato) 4 mortos e 18 feridos
(continuação da pág. 1) normai tena, na opinião dos entendidos, originando o afundamento das duas embarcações. Este deu-se estibordo com estibordo na parte dianteira dos barcos ficando
seriamente danificada a amurada do «Cabo Avelar» onde, por certo, viriam sentados os quatro passageiros que logo encontraram a morte amalgamados na madeira estilhaçada e, cte algum modo esmaçjados de enoontro à casa do leme do referido barco. O pánico que se gera é indiscritível não só pelo estrondo e quadro de tragédia que bruscamente se desenhou, mas dado o pavor que de quase todos se apodera de irem sei tragados pelo mar. Todavia, a tripulação da ((Relíquia>) ddmlnancfo, com extraordinária lucidez e sangue frio a situação, iniedlatamente organiza e põe em
nrarcha tana eficiente e segura operação de salvamento. Porém, nesse exacto momento, Vítor Larangaira que vindo a navegar nimipequeno barco de ‘recreio dum seu amigo francês a pouca distância cio «Cabo Avelar» pode assim testemunhar a ocorrência, de pronto acode a salvar quatro passageiros que haviam caído ao mar mas, ainda mal havia recolhido tan deles, já uma lancha da Reliquia procedia à recolha dos restantes. Aproximando-se depois do «Cabo Avelar» para receber parte dos feridos eis que imediatamente grande número de pessageiros tenta precipitar-se para dentro da diminuta embarcação o que se ele não tem pracwadó evitar, talvez que a trágica ocorrência se tivesse saldado em maar número de vidas ceifadas. Na tentativa de minorar sofri /Ut7dW”’ff ‘dbU tos ligeiros. ILlUIO9Ì4JS’1(I ILNVL)V: Para o necessário apuramento 111 - SOuIT A -?.JVATVI , das causas de quanto acontecera ‘ correspondentes responsabilidades, estão em formação os res C1IJVJ VIDN?JC)Lt13 — V peotivos processos.
Publicado em "A Voz do Mar" a 24 de Agosto de 1978
Maria da Graça Lomelino e não Humbelino.
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