Os pequenos arquipélagos da Berlenga e do Baleal . Foram propriedade régia nos séculos XV e XVI, como já o haviam sido em séculos anteriores.
Aliás, todo o trecho da costa estremenha a fronteiro a estas ilhas (e encabeçado pelo burgo da Atouguia) esteve longo tempo sob o domínio realengo, e vultos proeminentes da história pátria tiveram temporariamente nas mãos, por mercê real, essas terras (ou o seu usufruto) que tinham entrado na posse da Coroa com D. Dinis, após as «Inquirições». Assim, no período mais activo das jornadas ultramarinas, o rei D. Duarte, tal como o monarca seu pai, foi senhor da Atouguia da Baleia e dos arquipélagos vizinhos e nomeou donatário, por uma vida, o seu irmão D. Fernando o Infante Santo (de 1436 a 1448). Falecido o desditoso príncipe no cativeiro de Fez, regressaram as terras à posse do rei, então D Afonso V, e este efectuo análoga doação ao Infante D. Henrique (1449 a 1460), o egrégio impulsionador da nossa epopeia marítima. Já num pequeno trabalho meus (Marinhas Ignoradas da Estremadura, pág. 28 e seg.) citei alguns documentos oficiais que formalizaram estas concessões Declara por exemplo, o título d doação de D. Manso V, de 4-12-1449: "... A quantos esta carta virem fazemos saber que nos querendo fazer graça e merece ao infante dom henrique meu muito prezado e amado tio temos por bem e queremos que tenha a aja de nbs em dias de sua vida as berlemgas e o baleai que sain jumto com a villa da atouguya assy e pella guisa que os tijnha o iffamte dom fernando meu mujto prezado e amado tio cuja alma deus aja» (T. do Tombo, Mistico, liv,° 4.°, fi.j 22, 2. col.)."
Foi também assim que o Baleal, juntamente com outras rendas, foi cedido ao Mosteiro das Berlengas, em tença vitalícia, depois reduzida a temporária. Uma carta de doação de D. João III solvendo uma petição do «prioli e frades do mosteiro das berlemgas», transcreve o padrão manuelino de 55-2-1512, pelo qual se vê que, «esguardacla a Rainha»,- , D.Maria de Castela (fora por inspiração da esposa que D. Manuel instituíra o Mosteiro da Berlenga, da Ordem de S. Jerônimo , o Rei Afortunado doara aos frades «a dízima nova do pesado que na dita filha morrer» e «mais sete direitos que a el-rei pertencen», entre os quais o «dito baleal e suas remdas». D. João. W. aludida cartä œnfi&ß. a
esnwla feita aos monges nitn4as po seu iugusto , pai (t Tombo, Chancelaria de D. João III, liv. 39, f1. 49 y.). Nos próprios volumes que
ainda restam dos velhos are . , . . , . quivos da Misericordia da Atouguia e da Câmara de Peniche encontramæ a I g u n s passos alusivos a estes factos. Vale a pena referir pelo menos um: «fl., as casas do Há leal que foram dos mosteiro da Berlenga e era, são do convento de Nossa Senhora de Vaie Benfeito (Venaçõens, live de 1629, fIs. 26). A propósito, repare-se: alguns escritores chamam hoje àquele extinto mosteiro «Convento da Misericórdia da Berlenga», itas não há nenhum documento quinhentista que lhe dê tal nome.
Publicado em "A Voz do Mar" em 25-10-1969
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