segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Dircurso de Inauguração da Estação Salva-Vidas de Peniche 9/1940

"Este foi o discurso do Sr. Capitão do Porto, na inauguração da nova Estação Salva-Vidas de Peniche  em 29 de Setembro de 1940.Nota: Em plena 2ª guerra mundial este Senhor Capitão do Porto de Peniche, 1º Tenente António
Andrade e Silva, foi o grande impulsionador da construção de um bairro para os
Pescadores na Ilha da Berlenga, pelo motivo de estes Pescadores viverem em
buracos!
Passado cerca de vinte anos o seu filho, Almirante António Manuel Esteves da Cunha de Andrade e
Silva foi também Capitão do Porto de Peniche no inicio dos anos 60 e Chefe
do Estado Maior da Armada no final dos anos 80."



"Discurso proferido pêlo 1º tenente António de Andrade e Silva na Inauguração ao Salva-vidas de Peniche de Baixo

 Ex.º Senhor Almirante
 Ex.º Senhor Inspector
 Minhas Senhoras
 Meus Senhores
Ao iniciar as minhas breves palavras, permitam-me V. Exªs. que apresente os meus cumprimentos a S. Ex.ª o Sns. Almirante Sousa e Faro,
prestigioso Presidente do Instituo de Socorros a Náufragos, cujo nome honra hoje o novo barco salva-vidas de Peniche, englobando também nas minhas saudações o Exmº Inspector-Secretário da Comissão Executiva Central, Exmº. Snr. Comandante Eduardo Maria Soares.
Quizeram S. Exªs abrilhantar com a sua presença esta pequena Festa, com a qual se inaugura oficialmente a Estação de Socorros a Nau_ fragos de Peniche, importante melhoramento que se fica devendo ao gran_ de impulso que tão humanitariamente têm dado à benéfica Obra de Assistência desenvolvida em favor dos heróicos e obscuros trabalhadores do Mar!
Estou convencido que em todos os corações do bom Povo desta
Terra se encontra gravada a maior gratidão por quem soube lembrar-se
dos momentos dolorosos que os nossos bravos pescadores sofrem na conquista do escasso pão de cada dia,  incutindo-lhes Fé, e Esperança, num eficaz auxilio  concedido na hora do perigo!
Agora, quando a Tempestade surpreenda no mar estes gigantescos lutadores, o moderno Salva-vidas partirá com qualquer tempo na sua altruísta missão de socorro levando consigo a Esperança dos Filhos, das Esposas e das Mães, amarguradas pela incerteza!
Lá longe, sobre o mar revolto, os náufragos manterão intacta a sua Fé, pois sabem que o auxilio lhes não faltará, se Deus, com a sua infinita Misericórdia, lhes não tiver traçado outro destino…...

E, para que não falte a ultima Virtude Teologal, também a Caridade contribuiu para que tudo isto fosse possível, o sonho de, em poucos meses, ver erguidas estas magníficas instalações, e a consoladora ajuda que a Câmara
Municipal concedeu dando ensejo ao agradável momento que vivemos, coadjuvada pela boa vontade das gentis senhoras de Peniche, sempre prontas a dar o melhor do seu esforço para tudo que tenha por objectivo o apoio moral e material das classes necessitadas.
Também esta Festa, a que se associaram todos os habitantes de Peniche na mesma unção de agradecimento a quem deles se lembrou com melhoramento de tal vulto, teve o condão de servir de pretexto para que um pescador de cada traineira se instruísse na forma de prestar os primeiros socorros aos náufragos.

Hoje, podeis estar descansados que, se o grito alanceante de “homem ao Mar” for largado a bordo de qualquer dos nossos barcos, haverá sempre, pelo menos, um camarada que tentará arrancar à Morte o seu semelhante, provocando-lhe a respiração artificial que o restituirá à vida!
Senhor Almirante! Na minha qualidade de Presidente da Casa dos Pescadores de Peniche, que reúne perto de dois mil marítimos aos quais já chegaram os primeiros benefícios que o Estado Novo criou e deseja para todos os bons Portugueses, eu levanto o meu copo para beber pelas prosperidades pessoais de V.Exª e do Instituto de Socorros a Náufragos, terminando por dizer:
Senhor! Muito tendes feito por nós! Muito e muito obrigado!
 Disse.

Peniche, 29 de Setembro de 1940"

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

1975 - A História esquecida das palavras - BERLENGA


o escrivão da esquadra fIamenga e saxônica dos cruzados que auxiliaram D. Afonso Henriques a conquistar Lisboa aos mouros, Osberno ou Osborne, descreve nestes termos a chegada dos navios a Peniche vindos
do Porto (1143):
"No dia seguinte aportámos com felicidade à ilha de Peniche, distante do continente oitocentos passos. Abunda esta itha em veados e coelhos  também se encontra nela a planta do alcaçuz. Os tírios chamaram-na Eritreia e os cartagineses Gadir, que quer dizer "sebe", porque para além dela Já não há mais terra; por Isso se diz o extremo limite do mundo conhecido. Junto dela há ainda duas ilhas a qual o vulgo chama Berlengas, corrupção de Baleares,  e numa delas existe um palácio de maravilhosa arquitectura com muitos alojamentos de arrecadação, o qual, segundo dizem, serviu outrora de agradabilíssimo retiro particular de certo rei."

Admitindo a existência de um ou outro leitor de "A Voz do Mar" Interessado nestes assuntos vou, tão resumidamente quanto o permite a clareza, promceder a investigação etimológica dos nomes atrás transcritos começamdo pelo nesónimo Berlenga.

A procura dos étimos doa nomes não pode deixar de tomar rem consideração os doutos princípios enunciados pelo reputado etimologista francês Turgot, os quais se podem sintetizar nestas três alíneas:
a) Procurar o étimo na língua indígena a fim de se adquirir  o conhecimento da derivação.
b) Reencontrar a raiz achada através do derivado produzido pela alteração fonética;
c) Reencontrar o sentido determinado pelas mudanças semânticas.

Deste modo, e através de raciocínios apoiados em dados linguísticos bem determinados, chegar-se-á ao reconhecimento dos "fósseis" linguísticos e sua significação.

Ao falar dos antigos habitantes de Peniche o cruzado Osborne refere apenas dois povos, aliás, originários da mesma etnia: os tírios e os cartagineses ou, como também são conhecidos, os fenícios e os púnicos.
Na realidade, os exames antropométricos realizados em
(continua na p4g. 8)

(continuação da p4g. 10)
turais de Peniche corroboram aquela Informação porquanto neles foram detectadas características somáticas afins daqueles antigos povos (General João de Almeida, Relação das Estações Arqueológicas cio Continente).
Ë pois baseado na área linguística a qus tais povos pertenciam que irei pesquisar o nesónlmo Berlenga que o supracitado escrivão diz, equivocadamente, ser corrupção do nome Baearea. O nome Berlenga aglutina os
dois elementos lexicais ararnaico-cananeus Bar e La.ha significativos, respectivamente, de dillio» e «adeus». Anotarei, por mera curiosidade, que o pals aque se dá hoje o nome de Siria era outrora conhecido por Turia,
Tyria e Tiria e daí o chamar-se indiferentemente sirio ou tirio ao povo que habitava a estreita faixa de terra situada entre os contrafortes do Anti-Líbano e o litoral mediterrânico. Siria ou Turia (literalmente «terra dos touros ou dos deuses») era pois aquele pequeno país cuja principal cidade, Turo, Tyro ou Tiro, deu o nome à reglão. Tiro, à semelhança de Peniche, era igualmente uma ilha fortOEicada. Alinharei seguidamente algu
mas considerações relativas aos supracitados temas Bar e Laha. Na obra, a todos os títulos notável de Adolphe Lods, I8raei, das Origens até Meados do Sécaio VII a.. C., pág. 316, aquele autor refere alguns teónlmos
dos panteões fenício-palestinia nos onde entra o elemento Bar: Baraté (filho da deusa Até),
Bargôs (filho de Q68), Bardesdn (filho do deus do rio Dašsdn) e, repare-se, Barlaha (filho de Dens). A voz bar apresenta-se saturada de significação religiosa por remontar a sua origem lexical àquela fase cultural em que o homem concebeu as águas marinhas como a fonte de todas as formas de vida Inclusivé a pró
pria. Para os arameus a palavrabar enterrava o conceito de «filho primogénito), tendo os árabes perpetuado no seu léxico amesina palavra (grafada bahr) como denominação do mar. Os antigos cretenses ornamen
tavam a sua olaria com diversosmotivos marinhos dentro os quais sobressaía o polvo. Porqué este molusco como decoração dos vasos sagrados utilizados nas libações às divindades? Porque o polvo representava pa
ra aquele indómito povo, que antes de qualquer outro dominouo Mediterrâneo, o primogénito divino, isto é, o «filho, (bar) da «águas (Nu ou Na em egípcio). Foi da junção das vozes bare na que se formou o basco barns
e o latim e português perna. Adicção polvo vem, como se sabe, do grego polypoua que naquela língua queria dizer «de muitos pés». Este ser marinho, por te oito pernas foi pelos gregos chamado oktôpous (oito pés), nome que transitou para o Inglês soba grafia octopus. Segundo Philon de Biblos, Bahturo, Baeturo ou Baetuios era um dos grandes deuses fenicios, «filho do Céu e da Terra, Irmão de El, de Dagon e de Atlas. Ora é deste nome Baeturo ou Baetw. loa que derivou o grego Bartolomaic., — literalmente, «filho» (bar) do deus, (turo) «grande, (de malos) —, donde o actual antropónimo portugués Bartolomeu. Na escultura e pintura reli
giosa do Antigo Egipto as divindades apresentam-se, por vezes, sentadas com as pernas cru
zadas. Acontece que em grego os senhores ou deuses do Olimpo eram chamados Hunos, palavra
entrada no latim para denominar, quer a «perna, (crus) quer a rcruz, (crux) que com ela se
fazia. No próximo artigo irei inves tigar o tema Laha que, como acima disse, é o nome árabe de
«deus,.
BATALHA GOUVEIA

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Estatutos da ASSOCIAÇÃO “AMIGOS DA BERLENGA”



ASSOCIAÇÃO “AMIGOS DA BERLENGA”
ESTATUTOS
1. ÂMBITO
A Associação ‘Amigos da Berlenga”,  urna associação de inscrição livre a todos os
indivíduos:
2. NATUREZA
A Associação fundamenta-se no princípio do livre associativismo, conjugando as potencialidades dos seus associados, para urna maior projecção, engrandecimento e protecção da Ilha da Berlenga.
3. FINS .
São fins a atingir pela Associação:
1º—Congregar os esforços dos seus associados para promover o engrandecimento da
Berlenga. . .
2º—Tornar acessível a utilização do equipamento turístico, administrando-o conforme directrizes expressas em plenário.
3º—.Zelar pela. limpeza e conservação da ilha, protecção das suas belezas e riquezas naturais.
4º—Divulgar a ilha quer a nível nacional, quer a nível internacional.
5º—Conceder toda a colaboração ao aparelho de Estado e Camarário em tudo o que seja de interesse comum.
6º—Ser o porta-voz das necessidades e anseios dos utentes da ilha..
7º—Solicitar subsídios, equipamento e apoio técnico às entidades competentes.
8º—Promover realizaç6es de interesse geral.

. ASSOCIAÇÕES AFINS
A Associaço pFóe-se estabelecer relaç6es corn associaç6es afins, através do en-
tendiento recíproco, no sentido de urn intercambio de ideias e realizaç6es,
. ORGANIZAÇiO
5 .l.GESTÃO
A esto da Associaço pertence a todos e a cada urn dos associados. A rebectiva
deleaçao far—se—á em plenário amplo a convocar, corn o firc específico de;
A)—Ele;er o Conselho de Delegados .
B)-Eleger o Conselho de Contas .
C)—Planear realizaçes a levar e efeito
5.2. ESTJUTURA Ai»iINISTPA.IVA .
5.2,1.õonselho dEelegados - Ê constituido pelos deleados eleitos em plenário,
em námero suficiente á subdiviso nas Comiss6es necessarias.
— Urna vez eleito, o Conselho procederá á diviso dos seus elementns pc-
ias Commis6es Gestoras e Executivas.
5.2.1.2. — Coipete ao Consel1o a orientaço e a gest-’o da Associaço segundo as
directrizes assentes em plenário, corn absoluto respeito pelo cuipri
mento dos Estatutos e Reulanìentos.
5.2.2.Conselho de Contas — Será co.:1)osto por tres elementos a quem coipete cen
tralizar a escrita da Associaçao, elaborando urn relat6rio anual a se:: apre
sentado ao Conselho de Delecados que por sua vez o apresentará ao plenário
e lhe dar a publicidade que for entendida como necessária.
5.2.3.Corniss6es de Gesto e Executivas — Compete ás eorisses de Gesto e Executi
vas, dividir tarefa entre os seus elementos •iara ciue SD consiga o normal
funcionamento da Associaço. Cumprir e fazer cumprir os Regulacientns a cons
tituir.
5.2.4.Secretariado - Ao Secretariado compete promover a liaçao entre as Comissoes
a constituir, representando—as de forma conjunta perante pe3soas ou entida
des. Ê constituido por um elemento c1esignado de cada Cornissao.
5.2.5.Duraço dos Orgos de Gesto - Competirá ao Consehlo de Delegados promover
um plenário id mede NOV1BRO, para aprovaço de alteraçoes a introduzir
nos Estatutos e Regulamentos, sieiço dos novos Delegados, apresentaçao de
contas e planeamento.
5.2.6.Alteraçes istatut6rias - Sendo estes Estatutos aprovados unica:iente pelo
.-.

1972 - Canhões das Berlengas aguardam no fundo ordem para vir à tona

Os canhões encontrados na enseada da fortaleza de S. João Baptista nas Berlengas,  em fins De Agosto, esperam autorização das entidades oficiais para vir, de novo, ao de cimo de agua...


1978 - Ligação Peniche Berlenga



No último número deste. jornal veio inserido um reparo sobre o cais de embarque e desembarque na ilha e também acerca da unidade de transporte, terminando com uma perguntai.
Hoje, além de esclarecer que o dito reparo foi escrito cerca de um mês antes do acidente com o «Cabo Avelar Pessoa» e por isso publicado tardiamente, não perdendo, porém, toda a actualidade, antes confirmando-a, devo acrescentar corroborando-a,  que no verão de 1977, um grupo de 40 pessoas ( professores e alunos dedicados à promoção das nossas potencialidades turísticas) viajando no referido barco, rumo às Berlengas, ali chegou em mísero estado. Mais: uma senhora, com o balancear suave do barco… e confortavelmente instalada .. . partiu uma perna.
Fácil será concluir-se que os resultado s práticos e eficazes desta viagem de estudo sobre as condições de promoção das nossas potencialidades turísticas terão sido as melhores... após um dia em estado de saúde lastimoso, um embarque e desembarque feitos a poder de malabarismo e peripécias várias, culminado com o repouso forçado duma senhora de perna fracturada. Será assim que em Peniche se quererá continuar a falar no desenvolvimento das enormes potencialidades turísticas?
Que terão udo delas dizer os ta I s alunos e prote’sso1re s? :t claro que’ este episódio toi um de entre os m*itos que de ano em ano sucedem e não tâo raramente como se poderá julgar, dando, às vezes, a ‘impressão de que o. pretendido é precisemente o contrário: retardar, emperrar o
turismo anão sei com que desIg flics. . . de poss’ui•r a exclus ivkfade do usufruto pnimitivo de tanta s benesses naturais que nos rodeiam?
Que egoísmo e avareza mesquinha , se a assim fosse Não será isso, quero crer. O que será, bem ao certo, também ‘não compreendo. Uma certeza te-‘nqic, eu: existe muito pouca inteligência , esperteza e criatividada na nossa terra ¿ião apenas em âmbito do turismo como a mui
tos outros níveis


1969 - Jorge de Vasconcelos senhor das Berlengas e do Baleal


Os pequenos arquipélagos da Berlenga e do Baleal . Foram propriedade régia nos séculos XV e XVI, como já o haviam sido em séculos anteriores.
Aliás, todo o trecho da costa estremenha a fronteiro a estas ilhas (e encabeçado pelo burgo da Atouguia) esteve longo tempo sob o domínio realengo, e vultos proeminentes da história pátria tiveram temporariamente nas mãos, por mercê real, essas terras (ou o seu usufruto) que tinham entrado na posse da Coroa com D. Dinis, após as «Inquirições». Assim, no período mais activo das jornadas ultramarinas, o rei D. Duarte, tal como o monarca seu pai, foi senhor da Atouguia da Baleia e dos arquipélagos vizinhos e nomeou donatário, por uma vida, o seu irmão D. Fernando o Infante Santo (de 1436 a 1448). Falecido o desditoso príncipe no cativeiro de Fez, regressaram as terras à posse do rei, então D Afonso V, e este efectuo análoga doação ao Infante D. Henrique (1449 a 1460),  o egrégio impulsionador da nossa epopeia marítima. Já num pequeno trabalho meus (Marinhas Ignoradas da Estremadura, pág. 28 e seg.) citei alguns documentos oficiais que formalizaram estas concessões Declara por exemplo, o título d doação de D. Manso V, de 4-12-1449: "... A quantos esta carta virem fazemos saber que nos querendo fazer graça  e merece ao infante dom henrique meu muito prezado e amado tio temos por bem e queremos que tenha a aja de nbs em dias de sua vida as berlemgas e o baleai que sain jumto com a villa da atouguya assy e pella guisa que os tijnha o iffamte dom fernando meu mujto prezado e amado tio cuja alma deus aja» (T. do Tombo, Mistico, liv,° 4.°, fi.j 22, 2. col.)."
Foi também assim que o Baleal, juntamente com outras rendas, foi cedido ao Mosteiro das Berlengas, em tença vitalícia, depois reduzida a temporária. Uma carta de doação de D. João III solvendo uma petição do «prioli e frades do mosteiro das berlemgas», transcreve o padrão manuelino de 55-2-1512, pelo qual se vê que, «esguardacla a Rainha»,- , D.Maria de Castela (fora por inspiração da esposa que D. Manuel instituíra o Mosteiro da Berlenga, da Ordem de S. Jerônimo , o Rei Afortunado doara aos frades «a dízima nova do pesado que na dita filha morrer» e «mais sete direitos que a el-rei pertencen», entre os quais o «dito baleal e suas remdas». D. João. W. aludida cartä  œnfi&ß. a
esnwla feita aos monges nitn4as po seu iugusto , pai (t Tombo, Chancelaria de D. João III, liv. 39, f1. 49 y.). Nos próprios volumes que
ainda restam dos velhos are . , . . , . quivos da Misericordia da Atouguia e da Câmara de Peniche encontramæ a I g u n s passos alusivos a estes factos. Vale a pena referir pelo menos um: «fl., as casas do Há leal que foram dos mosteiro da Berlenga e era, são do convento de Nossa Senhora de Vaie Benfeito (Venaçõens, live de 1629, fIs. 26). A propósito, repare-se: alguns escritores chamam hoje àquele extinto mosteiro «Convento da Misericórdia da Berlenga», itas não há nenhum documento quinhentista que lhe dê tal nome.

Publicado em "A Voz do Mar" em 25-10-1969

1981 - As Toninhas e a Reserva Natural da Berlena


A VOZ DO MAR
PENICHE, 17 DE SETEMBRO DE 1981
As Toninhas e a Reserva Natural da Berlena

Da responsabilidade da Secretaria de Estado do Ordenamento e Ambiente do Ministério da Qualidade de Vida e aprovados em Conselho de Ministros no passado mês de Maio, foram re
centemente publicados no Diário da República dois Decretos -lei com importância assinalável para Peniche e suas gentes. Trata-se do Decreto-Lei n.°263/81 de 3 de Setembro. que,
revogando o obsoleto Decreto n.0 39657 de 19 de Maio de 1954, estabelece regras de protecção aos mamíferos marinhos da zona costeira e ZEE continental portuguesa, e do Decreto-Lei
n.0 264/81, da mesma data, que cria a Reserva Natural da Berlenga. A partir da publicação e entrada em vigor do DecretoLei n.2 263/81, tornou-se expressa-mente proibido, durante todo o
ano, na zona costeira e ZEE continentais, a pesca, captura e abate, bem como a comercialização em Iotas, mercados ou quaisquer outros locais, de uma extensa lista de mamíferos ma
rmnhos que inclui os animais g e n e ricamente denominados «Focasa, «GoLfinhos», «Toninhas,,, «cachalotes», Rurquais» e «Baleias), aplicando-se a quaisquer outros, mesmo nela
não referenciados. A proibição de comercialização estende-se ainda aos exemplares que forem encontrados mortos nas artes ou aparelhos de pesca ou cujos cadaveres dêem à costa. Por outro lado, os animais das espécies referidas que forem encon (continua na pág. 10)

Legenda: O Regulamento de Protecção dos Mamíferos Marinhos nas Águas Interiores n Mar Territorial e na Zona Económica Exclusiva Continental Portuguesa

As Toninhas e a Reserva Natural da Berlenga
(continuação da ág. 1)

trados vivos junto à costa, serão obrigatoriamente entregues às autoridades que, depois, os encaminharão para as instituições científicas especializadas a fim de serem devolvidos ao seu ambiente natural. As infracções ao disposto no regulamento, nomeadamente a pesca, captura, abate ou comercialização de qualquer mamífero marinho,, acarretarão para os responsáveis, além da perda dos exemplares a favor do Estado, uma multa de 100 contos por cada foca, golfinho ou toninha capturada ou vendida, e de 900 contos por cada cachalote, baleia ou rorqual. Assim, a partir de agora, passa a ser expressamente proibido aos nossos pescadores a captura das vulgares toninhas», (botos) e «oazes (mesmo os encontrados mortos nas redes), assim como a sua comercialização, medida que, de certo, nem por todos será bem compreendida e aceite, mas que, como o próprio preâmbulo do diploma refere, se destina à protecção do equilíbrio ambiental e à preservação de certas espécies em vias de extinção ou de elevado decréscimo das suas populações nas nossas costas. Devido à importância que a captura e aproveitamento de certos cetáceos tem no arquipélago dos Açores, o presente diploma não tem al aplicação. Convém, por último, referir que a fiscalização do presente regulamento ficará a cargo, além das autoridades marítimas e da Guarda Fiscal, do
Serviço de Lotas e Vendagens...
A Reserva Natural da Berlenga A iliba da Berlenga e seus ilhéus circundantes (não incluídas Estelas ola Farilhões)
passam, a partir de agora, a constituir uma reserva natural, atento o seu interesse turístico, ictiológico e da flora A reserva ficará dividida em quatro partes, com graus de protecção diferentes, a saber:
— uma área de recreio, que compreende o carreiro do Mosteiro e a sua praia, a encosta do bairro dos pescadores e a área do Forte de, São João Baptista, onde é permitido o livre desembarque e acesso de pessoas e o seu acampamento, sendo, todavia, proibida a utilização de quaisquer veículos terrestres, com ou sem motor, além de outras proibições;
—a área do Farol reserva da a pessoas adstritas ao serviço deste;
— uma área d.c reserva natural parcial, que compreende toda a parte sul da ilha, limitada a norte pelo caminho cimenta
do que a atravessa, e ainda toda a chamada (ilha velha e ilhéus circundantes; nesta zona é proibido circular fora dos trilhos e
caminhos estabelecidos no plano de ordenamento, caçar ou capturar quaisquer espécie de animal, destruir ou danificar ninhos e apanhar ovos ou quaisquer plantas, assim como acampar;
— uma área de reserva natural Integral, constituída pela área situada a norte do referido caminho de cimento e a nascente pelo carreiro dos Cações, onde será proibido o acesso de visitantes, à excepção dos pescadores que se dirijam para os pesqueiros, e que deverão utilizar, exclusivamente, os trilhes marcados para o efeito Fica também expressamente proibido, em toda a área da reserva (o que já não constitui
novidade), construir, reconstruir, ampliar ou alterar qual quer construção existente, bem como efectuar qualquer obra de aterro ou escavação. A administração da reserva, de acordo com a legislação que regulamenta a matthia, ficará a cargo de um director e de um Conselho Geral, onde, além dos representantes de diversas secretarias de estado e direcções gerais, terão assento representantes da Câmara Municipal de Peniche, Federação ‘Portuguesa de Actividades Subaquáticas, Centro Português de Actividades Subaquáticas e Associação «Amigos da Berlenga.
A. J. LEITÃO