"Este foi o discurso do Sr. Capitão do Porto, na inauguração da nova Estação Salva-Vidas de Peniche em 29 de Setembro de 1940.Nota: Em plena 2ª guerra mundial este Senhor Capitão do Porto de Peniche, 1º Tenente António
Andrade e Silva, foi o grande impulsionador da construção de um bairro para os
Pescadores na Ilha da Berlenga, pelo motivo de estes Pescadores viverem em
buracos!
Passado cerca de vinte anos o seu filho, Almirante António Manuel Esteves da Cunha de Andrade e
Silva foi também Capitão do Porto de Peniche no inicio dos anos 60 e Chefe
do Estado Maior da Armada no final dos anos 80."
"Discurso proferido pêlo 1º tenente António de Andrade e Silva na Inauguração ao Salva-vidas de Peniche de Baixo
Ex.º Senhor Almirante
Ex.º Senhor Inspector
Minhas Senhoras
Meus Senhores
Ao iniciar as minhas breves palavras, permitam-me V. Exªs. que apresente os meus cumprimentos a S. Ex.ª o Sns. Almirante Sousa e Faro,
prestigioso Presidente do Instituo de Socorros a Náufragos, cujo nome honra hoje o novo barco salva-vidas de Peniche, englobando também nas minhas saudações o Exmº Inspector-Secretário da Comissão Executiva Central, Exmº. Snr. Comandante Eduardo Maria Soares.
Quizeram S. Exªs abrilhantar com a sua presença esta pequena Festa, com a qual se inaugura oficialmente a Estação de Socorros a Nau_ fragos de Peniche, importante melhoramento que se fica devendo ao gran_ de impulso que tão humanitariamente têm dado à benéfica Obra de Assistência desenvolvida em favor dos heróicos e obscuros trabalhadores do Mar!
Estou convencido que em todos os corações do bom Povo desta
Terra se encontra gravada a maior gratidão por quem soube lembrar-se
dos momentos dolorosos que os nossos bravos pescadores sofrem na conquista do escasso pão de cada dia, incutindo-lhes Fé, e Esperança, num eficaz auxilio concedido na hora do perigo!
Agora, quando a Tempestade surpreenda no mar estes gigantescos lutadores, o moderno Salva-vidas partirá com qualquer tempo na sua altruísta missão de socorro levando consigo a Esperança dos Filhos, das Esposas e das Mães, amarguradas pela incerteza!
Lá longe, sobre o mar revolto, os náufragos manterão intacta a sua Fé, pois sabem que o auxilio lhes não faltará, se Deus, com a sua infinita Misericórdia, lhes não tiver traçado outro destino…...
E, para que não falte a ultima Virtude Teologal, também a Caridade contribuiu para que tudo isto fosse possível, o sonho de, em poucos meses, ver erguidas estas magníficas instalações, e a consoladora ajuda que a Câmara
Municipal concedeu dando ensejo ao agradável momento que vivemos, coadjuvada pela boa vontade das gentis senhoras de Peniche, sempre prontas a dar o melhor do seu esforço para tudo que tenha por objectivo o apoio moral e material das classes necessitadas.
Também esta Festa, a que se associaram todos os habitantes de Peniche na mesma unção de agradecimento a quem deles se lembrou com melhoramento de tal vulto, teve o condão de servir de pretexto para que um pescador de cada traineira se instruísse na forma de prestar os primeiros socorros aos náufragos.
Hoje, podeis estar descansados que, se o grito alanceante de “homem ao Mar” for largado a bordo de qualquer dos nossos barcos, haverá sempre, pelo menos, um camarada que tentará arrancar à Morte o seu semelhante, provocando-lhe a respiração artificial que o restituirá à vida!
Senhor Almirante! Na minha qualidade de Presidente da Casa dos Pescadores de Peniche, que reúne perto de dois mil marítimos aos quais já chegaram os primeiros benefícios que o Estado Novo criou e deseja para todos os bons Portugueses, eu levanto o meu copo para beber pelas prosperidades pessoais de V.Exª e do Instituto de Socorros a Náufragos, terminando por dizer:
Senhor! Muito tendes feito por nós! Muito e muito obrigado!
Disse.
Peniche, 29 de Setembro de 1940"
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